O cenário do câncer de mama no Brasil apresenta um desafio contínuo e de grande escala para o sistema de saúde. Com uma estimativa de 73.610 novos casos por ano para o triênio 2023-2025, a doença se consolida como a neoplasia de maior incidência entre as mulheres brasileiras, sem contar os tumores de pele não melanoma.
Os números de mortalidade são igualmente alarmantes, ultrapassando 20.000 óbitos apenas em 2023, um reflexo direto dos perigos do diagnóstico tardio. Campanhas como o Outubro Rosa são essenciais para a conscientização, mas também geram picos de demanda que testam os limites operacionais dos centros de diagnóstico.
Em um país onde a cobertura do rastreamento mamográfico ainda está abaixo de 40%, muito aquém da meta de 70% recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cada exame realizado precisa ser processado com máxima eficiência. A otimização do fluxo de trabalho, desde a aquisição da imagem até o laudo final, deixa de ser um diferencial competitivo e se torna uma peça-chave para combater o câncer de mama.
A base do diagnóstico: a transição para a mamografia digital
A jornada para um fluxo de trabalho otimizado começa com a superação da mamografia analógica. No método convencional, a imagem é capturada em um filme que exige um processo de revelação química, etapas que consomem tempo e são suscetíveis a inconsistências.
A mamografia digital direta (DR) revolucionou a detecção do câncer de mama ao substituir o filme por detectores eletrônicos que convertem os raios-X em um sinal digital instantaneamente.
Essa transição elimina etapas manuais e oferece uma qualidade de imagem superior, com maior resolução de contraste, o que é fundamental para a avaliação de mamas densas, onde o tecido fibroglandular pode ocultar lesões.
A imagem digital, disponível em cerca de 10 segundos, pode ser manipulada em uma estação de trabalho, permitindo que o radiologista ajuste brilho, contraste e aplique zoom para uma análise mais detalhada.
O resultado é um exame mais rápido, uma redução na necessidade de reconvocação de pacientes por falhas técnicas e um arquivamento digital seguro, que protege o histórico da paciente contra perdas e danos. A digitalização é, portanto, o primeiro passo estratégico para construir um ecossistema de diagnóstico conectado e escalável.
Vendo além do 2D: o avanço da tomossíntese mamária (DBT)
Embora a mamografia digital 2D seja um grande avanço, ela ainda possui uma limitação inerente: a sobreposição de tecidos, que pode mascarar tumores ou criar falsos positivos. Como um importante avanço tecnológico, a Tomossíntese Mamária Digital (DBT), ou mamografia 3D, foi desenvolvida para solucionar exatamente esse problema.
Durante o exame de tomossíntese, o equipamento se move em um arco sobre a mama, capturando múltiplas imagens de baixa dose em diferentes ângulos. Um software avançado reconstrói essas imagens em uma série de “fatias” milimétricas, permitindo que o radiologista analise o tecido mamário camada por camada, de forma semelhante a uma tomografia.
Essa visão tridimensional reduz a sobreposição e traz dois benefícios clínicos diretos: um aumento significativo na taxa de detecção de cânceres, especialmente os invasivos e em mamas densas, e uma redução expressiva na taxa de reconvocação por falsos positivos. Ao oferecer uma clareza diagnóstica superior, a DBT se posiciona como um recurso valioso para aprimorar a precisão do rastreamento.
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O papel do sistema PACS no fluxo de trabalho do câncer de mama
Com a geração de um volume crescente de imagens digitais, especialmente com a adoção da tomossíntese, um sistema robusto para gerenciamento se torna indispensável. É aqui que entra o PACS (Picture Archiving and Communication System), a espinha dorsal de qualquer serviço de radiologia moderno.
O PACS funciona como um arquivo central digital que armazena, gerencia e distribui todas as imagens médicas em um formato padronizado (DICOM). Sua implementação elimina completamente a necessidade de filmes físicos e a logística manual associada a eles. Os benefícios são imediatos: acesso rápido e simultâneo às imagens por múltiplos profissionais autorizados, o que facilita a comparação com exames anteriores, um passo crucial na detecção de mudanças sutis.
Além disso, o sistema automatiza o fluxo de trabalho, reduzindo o tempo entre o exame e o laudo, diminui custos operacionais com insumos e armazenamento físico, e garante a segurança dos dados dos pacientes, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
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O desafio final: a visualização inteligente e o diagnóstico ágil
A tomossíntese, ao mesmo tempo que aprimora o diagnóstico, cria um desafio tecnológico: o tamanho dos arquivos. Um único exame de DBT pode gerar gigabytes de dados, e a transferência desses arquivos para a estação de trabalho do radiologista por uma rede convencional pode criar um novo gargalo, com longos tempos de espera para o carregamento das imagens.
Para superar essa barreira, soluções de visualização avançadas se integram aos sistemas PACS existentes, utilizando tecnologias inovadoras para otimizar o acesso às imagens. Uma delas é a Server-Side Rendering (SSR), que inverte a lógica de processamento: em vez de a estação de trabalho local baixar e processar os dados, todo o trabalho pesado é feito no servidor central.
O radiologista recebe apenas um fluxo de pixels da imagem, como em um serviço de streaming, permitindo que estudos massivos de tomossíntese abram instantaneamente, sem depender da potência do computador local.
Outra tecnologia fundamental é o visualizador Zero Footprint (ZFP), que funciona diretamente em qualquer navegador de internet, sem a necessidade de instalar softwares ou plugins. Isso oferece uma flexibilidade sem precedentes, permitindo que um radiologista transforme qualquer computador com um monitor de diagnóstico adequado em uma estação de laudo completa, seja no hospital, em outra unidade ou em casa.
Essa combinação tecnológica não apenas acelera o diagnóstico e aumenta a produtividade, mas também viabiliza a telerradiologia de alta performance, ajudando a levar o diagnóstico especializado a regiões remotas do Brasil.
A jornada de combate ao câncer de mama é complexa, mas a tecnologia oferece um caminho claro para um futuro com diagnósticos mais rápidos e precisos. A integração de uma aquisição de imagem avançada, um sistema pacs eficiente e uma plataforma de visualização inteligente cria um ecossistema onde cada segundo é otimizado. Para gestores e profissionais da saúde, investir em um fluxo de trabalho integrado é investir diretamente na capacidade de salvar mais vidas.
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